Diplomação consolida vitória de Lula em meio a protestos Golpistas

O petista e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), vão receber os diplomas assinados pelo presidente do TSE ministro Alexandre de Moraes

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe nesta segunda-feira (12) no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) o diploma confirmando que está apto a tomar posse. A cerimônia reforça a vitória eleitoral em meio a atos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado na tentativa de reeleição.

Lula afirma que vai terminar de definir a composição do primeiro escalão de seu governo nos dias seguintes à diplomação. Os primeiros nomes, como de Fernando Haddad para comandar o Ministério da Fazenda, foram anunciados na sexta-feira (9).


O petista e o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), vão receber os diplomas assinados pelo presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, um dos alvos principais de manifestações e dos discursos do próprio presidente.


Lula, Alckmin e Moraes devem discursar no evento do TSE. Em 2018, quando foi diplomado, Bolsonaro elogiou a Justiça Eleitoral e disse que governaria para todos.

Ainda que simbólica, a diplomação ganhou maior relevância em 2022.
Bolsonaro e seu partido, o PL, promovem contestações com argumentos frágeis contra o resultado eleitoral e insuflam manifestações antidemocráticas nas estradas e em frente aos quartéis.


Na sexta-feira (9), Bolsonaro fez um discurso dúbio a apoiadores, dizendo se responsabilizar por seus erros e ressaltando ser o chefe das Forças Armadas.

A margem para contestar o resultado das eleições fica mais estreita com a diplomação.

A partir desse momento, deixam de ser aceitas as Aijes (ação de investigação judicial eleitoral). Nesse tipo de procedimento são apresentados indícios de abuso de poder, e a Justiça Eleitoral pode dar aval para uma investigação.

Por outro lado, ainda há prazo de 15 dias após a diplomação para apresentação de Aimes (ação de impugnação de mandato eletivo), desde que haja “provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude”.
As entidades fiscalizadoras das eleições, como partidos e as Forças Armadas, também podem solicitar até 5 de janeiro ao TSE a “verificação extraordinária pós-pleito da integridade e autenticidade dos sistemas eleitorais”.


O PL já apresentou uma contestação desse tipo, que foi negada e apontada por Moraes como tentativa de tumultuar a democracia. Na ação, o partido comandado por Valdemar Costa Neto pediu anulação de votos depositados em urnas de modelos anteriores a 2020.


Com base em conclusões incorretas, o PL afirmou que não era possível fiscalizar urnas mais antigas pela falta do código de série no “diário de bordo” dos equipamentos. Há, porém, outros dados e formas para identificar as urnas.

escolhidos na sexta. “Tenho 80% do ministério na cabeça, mas não quero construir um ministério para mim, quero construir para forças políticas que me ajudaram”, afirmou ele, dias antes de mudar os planos.


Lula definiu que o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA) irá para o Ministério de Justiça e Segurança Pública; o governador da Bahia, Rui Costa (PT), vai ocupar a Casa Civil; o diplomata Mauro Vieira, o Itamaraty; o ex-presidente do TCU (Tribunal de Contas da União) José Múcio Monteiro será ministro da Defesa; já o ex-ministro Fernando Haddad (PT) vai comandar a Fazenda.


O petista decidiu antecipar os nomes para esfriar pressões de militares e afiar a negociação sobre a PEC da Transição. Já a escolha de José Múcio para a Defesa foi uma tentativa de desarmar a resistência e eventual insubordinação de militares, segundo auxiliares do petista. O presidente eleito ainda definiu que os oficiais-generais mais antigos de Marinha, Exército e Aeronáutica vão assumir o comando das Forças Armadas.


A necessidade de definir logo quem chefiará o Exército, a Marinha e a Aeronáutica ficou mais urgente diante da ameaça dos comandantes destas duas últimas Forças de anteciparem a entrega dos cargos.


O movimento foi visto como uma insubordinação das tropas ao presidente eleito. Múcio tem agora a missão de estancar essa articulação de entrega antecipada dos cargos e melhorar a interlocução com os militares, com o objetivo de abrir um processo de despolitização das Forças.

Depois do anúncio, Lula disse que as Forças Armadas não foram feitas para fazer política; e Múcio falou em apaziguamento, harmonia, troca de comando “mais tradicional possível” e “invenção de ninguém”.


Já Flávio Dino terá, entre outras atribuições, a missão de tentar reestruturar a PRF (Polícia Rodoviária Federal). Há uma preocupação entre petistas de que o comando dessa polícia mude operações de fim de ano e tente tumultuar a posse de Lula. Para isso, a nomeação do futuro diretor da PRF também contribuiria para evitar motins na área, na leitura do novo governo.
O delegado Andrei Passos Rodrigues já foi escolhido como futuro diretor-geral da Polícia Federal. Lula afirmou que será necessário consertar a PF e que não quer “policiais dando shows nas investigações”.

Dino também disse que um desafio do novo governo será estancar atos antidemocráticos. Ele argumentou que serão tratadas como crimes as manifestações de apoiadores do presidente Bolsonaro que pedem um golpe militar contra a posse de Lula.


Dos ministros anunciados na sexta-feira, nenhum é mulher ou negro. O presidente eleito disse que Dino é “no mínimo pardo”. Apesar de Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, estar ao lado de Lula, ele já declarou que ela não assumirá nenhuma pasta. O presidente eleito tentou se justificar da falta de diversidade prometendo “mulher, homem, negros, índios” nos próximos anúncios de ministros.

(FolhaPress)

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