Macri Declara Calote de Dívida e Pede Renegociação com FMI

VIA: BBC

O ministro da Fazenda da Argentina, Hernán Lacunza, anunciou nesta quarta-feira (28) que o governo de Mauricio Macri pediu ao Fundo Monetário Internacional (FMI) prazos maiores para pagar a dívida bilionária do país com o organismo.

O anúncio está de acordo com o que defendem os candidatos da oposição à Presidência. Falaram a favor da renegociação o candidato Alberto Fernández, da chapa Frente de Todos – cuja vice é a ex-presidente Cristina Fernandez Kirchner – e o ex-ministro da Fazenda Roberto Lavagna, da coalizão Consenso Federal.

Fernández e Lavagna reclamam que os vencimentos da dívida argentina – de cerca de US$ 57 bilhões – estão concentrados no próximo mandato, enquanto a maior parte da liberação do dinheiro já foi realizada durante o governo Macri.

Segundo Lacunza, a Argentina pedirá a renegociação dos prazos previstos para pagar a dívida de um acordo assinado no ano passado, mas sem a reduzir do valor do que deve ser pago ao fundo. O governo argentino tenta assim deixar claro que não se trata de um calote ou tentativa de redução da dívida, como confirmaram economistas ouvidos pela BBC News Brasil.

“Nosso objetivo é a estabilidade cambial e econômica da Argentina, dando as ferramentas necessárias para o próximo governo”, disse Lacunza ao falar sobre a iniciativa, ressaltando que o próximo governo pode ser de Macri, que busca a reeleição, ou da atual oposição.

Lacunza assumiu o Ministério da Fazenda argentino dias atrás após a renúncia do antecessor de Nicolas Dujovne. Pouco depois da fala dele, a pasta divulgou uma nota oficial sobre o tema.

“Depois de ter cumprido estritamente todas as metas fiscais e monetárias do acordo com o Fundo, e para dar continuidade ao acordo em vigor, propusemos a este organismo internacional iniciar o diálogo, que deverá ser concluído no próximo mandato, para mudar o perfil os vencimentos da dívida com o FMI”, diz o texto.

Em Washington, segundo a imprensa argentina, o FMI informou que “continuará ao lado da Argentina” e que o país “tomou um passo importante para preservar a liquidez e as reservas (do Banco Central argentino)”, mas que “analisará” o impacto da proposta de Buenos Aires.

Para o economista argentino Orlando Ferreres, da consultoria econômica Ferreres e Associados, o pedido de maior prazo para o pagamento da dívida ao FMI “não será resolvido de um dia para o outro”. Segundo ele, o pedido argentino “pode não ser algo fácil de ser atendido”, já que dependerá da decisão dos países que lideram o fundo e “colocam o dinheiro neste empréstimo” para a Argentina.

Além do pedido ao FMI, Lacunza informou que os prazos de pagamentos de títulos do país comprados pelo setor privado serão modificados.

Christine Lagarde e Mauricio MacriDireito de imagemKEVIN LAMARQUE/REUTERS
Image captionMacri e a francesa Christine Lagarde, quando ela dirigia o FMI

O ministro justificou as iniciativas, dizendo que elas foram tomadas após a volatilidade registrada nos últimos dois dias no mercado financeiro argentino, com nova alta do dólar. Os argentinos costumam poupar na moeda americana, e variações no dólar têm grande impacto sobre a inflação no país. Nesta quarta-feira, o dólar fechou na casa dos 60 pesos.

O economista Matías Rajnerman trabalha na empresa de consultoria econômica Ecolatina, fundada pelo ex-ministro Lavagna. Para ele, a renegociação com o setor privado representa “uma ruptura de contrato”, já que a Argentina não pagará aos investidores no prazo prometido.

“A Argentina está dizendo (aos que compraram títulos do país): ‘vou pagar, mas no prazo que posso pagar'”, afirma o economista.

Ele também observou que, neste caso, como no do FMI, não se trata de “calote” ou “redução da dívida”, ou de “moratória”: “A Argentina está dizendo ‘devo e pagarei, mas num prazo maior'”.

‘Default técnico’

Para o economista Diego Martínez Burzaco, ao mudar os prazos de pagamentos dos títulos do setor privado, a Argentina “está em um virtual default técnico” e não se sabe como o mercado financeiro reagirá. Para o economista Martín Vauthier, a Argentina “vive principalmente um problema político, que está contaminando o (sistema) financeiro”.

A decisão do governo Macri foi tomada após dois dias de forte incerteza no mercado financeiro e na política local. No fim de semana, Macri recebeu o apoio de simpatizantes num ato em frente à Casa Rosada, a sede da Presidência argentina. Esta foi a primeira manifestação registrada após Macri ser derrotado pelo candidato opositor Alberto Fernández e sua candidata a vice-presidente, a ex-mandatária argentina Cristina Kirchner.

Jair Bolsonaro e Macri em junho de 2019Direito de imagemPRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Image captionJair Bolsonaro e Macri em junho, durante visita do presidente brasileiro à Argentina: o país vizinho é um dos maiores parceiros comerciais do Brasil

Os dois abriram mais de 15 pontos de vantagem sobre a chapa de Macri nas primárias partidárias argentinas, realizadas em 11 de agosto. O desempenho da chapa opositora deixou a impressão, segundo analistas, de que o país viveu um primeiro turno eleitoral antecipado.

Agora, a dois meses do primeiro turno, no dia 27 de outubro, cada fala de Alberto Fernández tem forte influência no mercado financeiro e no tabuleiro político local. Esta semana ele emitiu comunicado criticando fortemente o acordo assinado por Macri com o FMI.

Fernández responsabilizou Macri e o organismo pela “catástrofe social” vivida pela Argentina. Fernández disse ainda que o empréstimo não serviu para melhorar a economia do país e que, ao contrário, só piorou o quadro recessivo.

Sua fala provocou críticas do governo e alimentou especulações de que ele, se eleito, poderia decidir não cumprir com os pagamentos da dívida. O candidato a vice de Macri, senador Miguel Ángel Pichetto, disse que Fernández e Cristina “querem incendiar o país” antes da posse do novo presidente. O eleito pelos argentinos este ano assumirá o poder em 10 de dezembro.

Nesta quarta-feira, após os anúncios de Lacunza, analistas políticos e econômicos diziam que a reação dos mercados dependerá também de “como Fernández reagirá aos anúncios do governo Macri”.

Veto de Bolsonaro sobre fake news é derrubado no Congresso

Da Agência Brasil

O Congresso Nacional derrubou na noite dessa quarta-feira (28) o veto de Jair Bolsonaro a penas mais duras para quem propaga notícias falsas, as chamadas fake news, nas eleições. O veto ocorreu em junho, quando a Lei 13.834/2019, que atualiza o Código Eleitoral, chegou à mesa do presidente da República.

Com a derrubada do veto, a pena para quem divulgar notícias falsas com objetivo eleitoral é de dois a oito anos de reclusão. A pena só será aplicada quando estiver comprovado que o acusado sabia da inocência do alvo da notícia falsa propagada.

Em seu veto, Bolsonaro havia argumentado que a nova pena “viola o princípio da proporcionalidade entre o tipo penal descrito e a pena cominada”. O veto de Bolsonaro foi derrubado por 326 deputados e 48 senadores.

CPMI das fake news

O presidente do Congresso, o senador Davi Alcolumbre, anunciou a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a propagação de notícias falsas. Alcolumbre fez o anúncio em sua conta no Twitter, enquanto comandava a sessão do Congresso durante o dia de hoje (28).

“Na sessão do Congresso Nacional, anunciei a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) destinada a investigar notícias falsas, conhecidas como fake news, para a próxima semana. Será composta por 15 senadores e 15 deputados, e o mesmo número de membros suplentes”, disse Alcolumbre. Na sessão do Congresso do dia 3 de julho ele havia lido o requerimento, de autoria do deputado Alexandre Leite (DEM-SP).

Davi Alcolumbre

@davialcolumbre

Na sessão do Congresso Nacional, anunciei a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) destinada a investigar notícias falsas, conhecidas como fake news, para a próxima semana. Será composta por 15 senadores e 15 deputados, e o mesmo número de membros suplentes.

Seguidora de Bolsonaro que comemorou a morte de neto de Lula, faz vaquinha on-line para pagar processo

Uma página no Facebook atribuída a Alessandra Strutzel, uma jovem que comemorou, por meio de um post em 1 de março deste ano, a morte do neto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez uma postagem recente para pedir ajuda financeira para pagar o processo que o ex-presidente moveu contra ela.

“Preciso de ajuda em qualquer quantia pra me ajudar no processo que o ex presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, moveu contra minha pessoa por conta de um comentário isolado. Estou desesperada, tenho mãe acamada, me arrependi”. Essa postagem foi feita em 16 de agosto.

No processo, que tramita no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), os advogados de Lula alegam que a jovem publicou mensagens no Facebook ironizando a morte do neto, Arthur, que morreu em 1º de março, aos 7 anos. A defesa de Lula pediu indenização por dano moral de R$ 50 mil.

Caso

O neto do ex-presidente, Arthur, faleceu em 1º de março, aos 7 anos, no Hospital Bartira, em Santo André (SP). Ele chegou ao hospital com o quadro instável e diagnosticado pela equipe médica com meningite bacteriana, mas não resistiu.

A autointitulada blogueira Alessandra Strutzel, de Serra (ES), usou sua página nas redes sociais para celebrar: “Pelo menos uma notícia boa”. Após críticas, ela apagou a postagem e tentou se justificar.

Em 4 de julho ela fez um post negando que tenha ‘zoado neto de ninguém’.

O BHAZ verificou a página atribuída a Alessandra no Facebook nesta quarta-feira (21) e constatou que as postagens dela na rede social constam a partir do dia 2 de abril deste ano.

Nesta quarta, Alessandra publicou um post, que recebeu mais de 1 mil comentários, com a seguinte mensagem:

Ontem, terça-feira (20), Alessandra criou uma conta de arrecadação de dinheiro on-line para levantar R$ 50 mil. Até às 13h57 desta quarta-feira (21) não havia nenhuma contribuição. A jovem indicou que a campanha ficará no ar até 25 de dezembro deste ano.

Na página da campanha on-line há mais de 1 mil comentários, todos irônicos, como: “Tentei doar 13 centavos mas não consegui”; “Faz arminha, faz arminha que logo logo você consegue”; “Agora ta pedindo dinheiro? Trabalhe!”.

 

A ”Vaquinha” foi encerrada e arrecadou R$25,00

https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-na-indemnizacao-do-lula

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Na segunda-feira, ela fez um post com a seguinte mensagem: ” É tão bom estar viva, ao contrário da @ É tão bom estar livre, ao contrário do Lula kkkkk”.

Também comemorou em resposta quando foi questionada, que estava sendo questionada que o neto de Lula só tinha 7 anos de idade:

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Policia Federal ameaça ‘Implodir’ se houver interferência de Bolsonaro

Caso o presidente insista em impor sua vontade, para Moro restariam duas alternativas: aceitar e perder o controle da Polícia Federal ou rejeitar e pedir demissão do cargo

Via: FOLHA

BRASÍLIA – A tentativa do presidente Jair Bolsonaro de interferir na escolha do superintendente da Polícia Federal no Rio é mais um capítulo da disputa velada de forças que ele trava com o ministro da Justiça, Sérgio Moro. A PF não aceita indicação de “cima para baixo” para o preenchimento dessa vaga e ameaça implodir caso o ministro ceda a uma interferência do Planalto.

Segundo o Estado apurou, se Bolsonaro insitir em impor sua vontade, para Moro restariam duas alternativas. Uma é aceitar e perder o controle da Polícia Federal. A outra é rejeitar a interferência e pedir demissão do cargo. Dirigentes da PF dizem que não vão agir como os colegas da Receita Federal, que vêm sendo atacados pelo presidente constantemente sem reação.  O secretário da Receita, Marcos Cintra, se reúne nesta sexta-feira no Rio com o ministro Paulo Guedes para discutir uma reestruturação no órgão.

Bolsonaro falou sobre o assunto duas vezes nesta sexta-feira, 16. Primeiro, avisou que é ele “quem manda” e indicou que colocaria na vaga de superintendente da PF no Rio o atual responsável pela PF no Amazonas, Alexandre Saraiva. Em nova entrevista, horas depois, baixou o tom. “Eu sugeri o de Manaus. Se vier o de Pernambuco não tem problema, não”, afirmou. Essa última declaração ajudou a acalmar a PF.

Jair Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Saraiva é próximo dos filhos do presidente e já foi cotado para assumir o Ministério do Meio Ambiente. No início de dezembro, Bolsonaro chegou a sondá-lo. Acabou escolhendo Ricardo Salles para comandar a pasta.

Na primeira entrevista que concedeu na sexta sobre o assunto, Bolsonaro foi bem assertivo. “Está pré-acertado que seria lá o de Manaus… Se ele resolver mudar, vai ter que falar comigo. Quem manda sou eu… deixar bem claro“, avisou. “Se eu for trocar os superintendentes, qual é o problema? É igual o Coaf. Eu tentei deixar o Coaf com Moro via medida provisória, o Congresso botou na Fazenda e o Paulo Guedes que decide”, complementou.

O comentário do presidente respondeu a uma nota divulgada pela PF informando que o delegado Carlos Henrique Sousa iria para a vaga de Ricardo Saadi no Rio. Como revelou o Estado, o nome de Sousa foi incluído na nota propositadamente para evitar uma indicação política da parte do presidente. A nota rebateu também críticas de Bolsonaro a Saadi.

O Estado apurou que o texto foi autorizado por Moro. A indicação dos superintendentes da PF é prerrogativa do diretor-geral da instituição, mas o presidente da República pode vetar qualquer nome por se tratar de cargo de confiança. Não é comum, contudo, a interferência.

O presidente não tem poupado Moro nos últimos meses. Já determinou que ele desconvidasse uma suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP); apoiou a retirada do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da Justiça para o Ministério da Fazenda e ignorou o ministério de Moro ao elaborar seu segundo decreto de armas.

No dia em que anunciou Moro em sua equipe, Bolsonaro prometeu que ele comandaria um “superministério” e teria “liberdade total”. “Eu não vou interferir em absolutamente nada que venha a ocorrer dentro da Justiça no tocante a esse combate à corrupção. Mesmo que viesse a mexer com alguém da minha família no futuro. Não importa. Eu disse a ele: é liberdade total pra trabalhar pelo Brasil “, disse à época.

Bolsonaro gastou mais de R$ 200 mil para ver jogos da Copa América!

Gasto médio de R$ 67,2 mil por jogo!

Reportagem do UOL publicada na tarde desta sexta, 16/VIII, traz dados da Secretaria Especial de Comunicação Social da Secretaria de Governo da Presidência da República, obtidos via Lei de Acesso à Informação, que apontam gastos de R$ 201,6 mil para que Bolsonaro assistisse às três partidas.

Um gasto médio de R$ 67,2 mil por jogo!

As despesas se referem a gastos com equipe de segurança, saúde, transporte, cerimonial, imprensa, comunicações e apoio técnico.

O UOL traz, também, os detalhes dos gastos para cada partida:

Brasil x Bolívia, em 14 de junho

  • Alimentação: R$ 12.900
  • Hospedagem: R$ 42.654
  • Diárias: R$ 42.693,88

Brasil x Argentina, em 2 de julho

  • Alimentação: R$ 5.472
  • Hospedagem: R$ 8.137,50
  • Diárias: R$ 23.761,74

Brasil x Peru, em 7 de julho

  • Alimentação: R$ 19.980
  • Hospedagem: R$ 17.412,96
  • Diárias: R$ 28.672,35

Bolsonaro não é burro, mas um idiota ingrato que nada sabe, diz Alexandre Frota

Expulso pelo partido, deputado diz que há vários integrantes do PSL insatisfeitos com presidente, mas que ninguém quer criticá-lo

Via: FOLHA

BRASÍLIA

Expulso do PSL na terça-feira (13), o deputado Alexandre Frota disse à Folha que o presidente Jair Bolsonaro exigiu seu expurgo da sigla.

Em sua primeira entrevista após o episódio, Frota afirma que Bolsonaro é “um idiota ingrato que nada sabe” e que “aquela cadeira de presidente ficou grande para ele e ele se lambuzou com o mel da Presidência”.

Acusado de infidelidade partidária por criticar abertamente o presidente, ele diz que sua expulsão é “um aviso para aqueles que acham que estamos vivendo em uma democracia”.

De braços cruzados, o deputado federal Alexandre Frota, que foi expulso do PSL
O deputado federal Alexandre Frota, que foi expulso do PSL – Pedro Ladeira – 9.abr.19/Folhapress

Frota disse já ter recebido convites de sete partidos —DEM, PP, MDB, PSDB, Podemos, PSD e PRB. Após se aproximar do governador de São Paulo, João Doria, anunciará sua filiação ao PSDB nesta sexta-feira (16), como mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha.

​A pedido do deputado, a Folha enviou as perguntas por escrito, pelo WhatsApp, e as respostas foram dadas por meio de áudios no aplicativo.

O que o sr. considera o estopim para a sua expulsão do PSL? O estopim foi porque discordei e não pode discordar, critiquei e não pode criticar. Não disse amém e é preciso dizer amém. Mas não tive e não tenho medo do governo do Lula, do PT, não terei medo do governo Bolsonaro, entende?

Foram vários os fatores, mas o fato de falar a verdade incomodou muito, de criticar quem não gosta [de ser criticado] e não está preparado para as críticas. Isso pesou muito para o Bolsonaro. Bolsonaro não é burro, senão ele não chegaria onde chegou, mas é um idiota ingrato que nada sabe.

Aquela cadeira de presidente ficou grande para ele e ele se lambuzou com o mel da Presidência. Bolsonaro se mostra, muitas vezes, infantil. Ele não está preparado para o cargo para o qual foi eleito, para o qual eu, infelizmente, ajudei a elegê-lo. Eu acreditava, assim como milhões de brasileiros, que ele realmente pudesse fazer a diferença, mas não foi isso que encontrei lá. Ele acredita nas verdades criadas, nas próprias fantasias dele.

Se por um lado não podemos achar que é justo, em sete meses do governo, conseguir consertar a bagunça que foi feita nos últimos anos pelos governos de esquerda, por outro lado o Bolsonaro fica devendo conteúdo, diplomacia, respeito. Ele nada sabe sobre isso, ele não gosta de ouvir, é inseguro, medroso e caricato.

Bolsonaro não foi ninguém no Exército, saiu expurgado de lá, não foi brilhante, ou estou errado? Não estou. Eu, como ator pornô, dei mais certo do que ele no Exército. Bolsonaro está fazendo parte de uma matilha cultural e social de extrema-direita, que assim como a esquerda, que durante muito tempo trabalhou isso, acham que vão dominar o país. E aí entram com as agressões, com as humilhações aos aliados, aos amigos, aqueles que o ajudaram a levá-lo à Presidência da República.

Lembro que Bolsonaro tinha um discurso em que ele dizia que soldado ferido no Exército dele não ficaria para trás. Ele deixou vários para trás, a começar pelo Magno Malta, o [Gustavo] Bebianno, o Julian Lemos, que se entregaram para a campanha dele, abriram mão de fazer suas campanhas e correr por suas vidas para poder eleger o Bolsonaro.

A impressão que eu tenho é que o Bolsonaro não saiu da campanha. Ele acha que o Palácio é um palco. Ele tem que levantar as mãos para o céu por ele ainda ter do lado dele o Paulo Guedes, o Sergio Moro.  Mas o castelinho de areia uma hora vai ruir e ele vai ficar perdido como um cachorrinho vira-lata numa montanha de lixo. Infelizmente, o seu governo não apresenta propostas, vive de momentos, de insights. Sair do PSL, para mim, foi receber uma carta de alforria, foi me libertar da ditadura bolsonarista. Saí com muito orgulho e pela porta da frente.

Com mão na boca, o presidente Jair Bolsonaro conversa com Alexandre Frota na Câmara
O presidente Jair Bolsonaro conversa com Alexandre Frota na Câmara – Michel Jesus – 29.mai.19/Câmara dos Deputados

O sr. considera que foi um processo justo? Não vou julgar aqui os que me julgaram. Se essa foi a decisão, vou respeitar democraticamente. Não queria que fosse assim. Temos que ter liberdade de opinar, para se posicionar. Não posso falar para o Bolsonaro só o que ele quer ouvir.

Bolsonaro teve influência na sua expulsão? Como o sr. avalia isso? Foi um equívoco, foi um erro. Mostrou autoritarismo, ditadura. O [deputado] Luciano Bivar [presidente do PSL], meu amigo pessoal, ficou entre a cruz e a espada. É claro que fiquei triste com a expulsão. Foi ruim para mim, para as pessoas que apostam em mim, me senti policiado. Que democracia é essa? O cara não pode falar nada, não pode fazer uma crítica.

O sr. mantinha uma boa relação com Bivar. Quando e como essa relação mudou? Entrei na sala do Luciano, na sala da vice-presidência da Câmara, e ele estava sentado, cabisbaixo, olhou para a minha cara, e eu já sabia naquela hora… Perguntei como estavam as coisas e ele disse: ‘Tá difícil, Frota. O Jair pediu para te tirar do partido, pediu sua expulsão’. É muito difícil para o Luciano Bivar receber isso, mas entendo o Bivar e não tiro o mérito da maneira como ele trabalhou e conversou comigo carinhosamente.

Alguns apoiadores do presidente dizem que o sr. foi um caroneiro, que só pegou a onda Bolsonaro para se eleger. Como responde a isso? Acho engraçado. Eu ia pegar carona em quem? O Bolsonaro era meu candidato, só podia pegar carona nele. Isso tem que ficar muito claro. Quem falou que eu sou caroneiro foi o [deputado] Eduardo Bolsonaro [PSL-SP]. Eu ainda pego carona e ele que fura a fila?

O sr. tentou indicar cargos no governo, na Ancine, por exemplo, e deu declarações públicas se queixando por não ter sido atendido. O que o sr. pediu? Essa é uma lenda. Nunca tentei indicar cargos no governo, principalmente na Ancine.

Além do sr., existe mais alguém no PSL insatisfeito com o presidente Bolsonaro? Existem vários, mas ninguém tem coragem de meter a cara. Existem vários que gostariam de estar falando o que estou falando, ou, inclusive, fazendo ponderações pontuais e verdadeiras como estou fazendo. Mas muita gente não tem coragem de falar.

Como o sr. vai votar as pautas do governo a partir de agora? Pelo bem do Brasil. Vou votar com o governo quando achar que tem que votar. E quando achar que tem que discordar, vou discordar.

O sr. teve convites de alguns partidos. Já definiu seu destino? Acho que a quantidade de convites que tive, e com qualidade, é resultado de um trabalho coeso, honesto e de muito estudo e dedicação. Cheguei na Câmara com meu esforço, fui buscar o meu voto em cada cidade que passei. Andei 35 mil quilômetros de carro, mais de 65 cidades, cheguei quase a 90. Trabalhei incansavelmente. Não tenho curral eleitoral.

Sou um privilegiado do lugar que estou chegando dentro da Câmara. Em 200 dias de governo, tenho 150 discursos. O primeiro a me convidar foi o PSDB, do João Doria e do Bruno Araújo, de quem eu gosto bastante. Trabalhei com Bolsonaro de 2014 a 2018, na hora que ele foi eleito, e até agora nunca me ligou para me dar os parabéns pela minha eleição ou por qualquer outra coisa que eu tenha ajudado, principalmente na coordenação da Previdência. O Rodrigo Maia é o grande fiador dessa Previdência. Recebi sim convite do PSDB, do DEM, me senti lisonjeado. Talvez quando sair essa reportagem, já vou ter definido. E que Deus me proteja.

O sr. foi eleito com um discurso alinhado ao de Bolsonaro. O que aconteceu de lá para cá? O sr. mudou de posição? Sim, fui eleito com discurso alinhado ao de Bolsonaro, mas já tinha esse discurso antes. No final de 2013, quando comecei a praticar meu ativismo, comecei a criticar a esquerda, já tinha meus discursos polêmicos, ácidos, não aceitava e achava que era hora de o Brasil mudar. Fiz um discurso alinhado ao Bolsonaro, volto a repetir, porque o Bolsonaro era meu candidato naquele momento.

O que aconteceu de lá pra cá eu acho que já respondi lá em cima. Principalmente meu amadurecimento e entendimento com as pautas do Brasil, de interesse do povo brasileiro, foi isso que mudou. Eu não mudei de posição, continuo sendo o Alexandre Frota que vai lutar pelo povo brasileiro e que vai ter sua posições e opiniões fortes.

O sr. pretende disputar a Prefeitura de São Paulo no ano que vem? Eu não pretendo disputar a Prefeitura de São Paulo e muito menos a do Rio de Janeiro. Isso é mentira. Todo mundo sabe que a minha candidata para São Paulo é a Joice Hasselmann. Até então eu vinha fazendo mais campanha do que ela própria. Sempre deixei claro isso. Isso foi um dos motivos que gerou muita confusão no PSL, porque o Eduardo Bolsonaro acha que tem que ser o [apresentador José Luiz] Datena. O Datena é meu amigo há 30 anos, adoro o Datena. Mas o Datena, nas duas últimas eleições, na hora H, ele desistiu.

RAIO-X

Alexandre Frota, 55. Filou-se ao PSL em 2018, convidado por Jair Bolsonaro. Foi eleito para a Câmara dos Deputados por São Paulo com pouco mais de 150 mil votos

Michele Bolsonaro tem Avó Presa por Trafico e Mãe Acusada de Falsificação

Via: VEJA

Em abril passado, VEJA publicou uma reportagem que começava assim: “Maria Aparecida Firmo Ferreira tem 79 anos, é cardíaca, sofre de Parkinson, locomove-se com dificuldade e mora num casebre que fica na parte mais miserável de Brasília — a favela Sol Nascente, conhecida pela violência, dominada pelo tráfico de drogas e conflagrada por facções que usam métodos similares aos das milícias cariocas. Sem se preocupar com tudo isso, dona Aparecida, como é conhecida, enfrenta uma odisseia diária. Aposentada, ela divide seu tempo entre cuidar de um filho deficiente auditivo, ir ao posto de saúde buscar remédios e bater papo com os vizinhos. (…) Ninguém, ou quase ninguém da vizinhança, sabe que ela é avó da primeira-dama Michelle Bolsonaro. A neta agora famosa, o presidente da República e a pobreza são assuntos que parecem despertar sentimentos conflitantes em dona Aparecida. Faz mais de seis anos que ela não vê a neta que ajudou a criar. A avó não foi convidada para a posse, nem ela nem sua filha, mãe de Michelle, Maria das Graças. Passados três meses de governo, ela não recebeu convite para uma visita ao Palácio da Alvorada, a residência oficial, que fica a apenas 40 quilômetros da favela. Por quê? Ela diz que não sabe responder”. Na última semana, o jornal Folha de S.Paulo publicou uma nova reportagem mostrando que Maria Aparecida, a avó, estava internada fazia dois dias no corredor de um hospital público de Brasília, aguardando vaga para realizar uma cirurgia ortopédica. Sem nenhuma assistência da neta, ela sofria sozinha a dor pela fratura da bacia.

Pois o que parecia um desprezo profundo da primeira-dama com a família de origem humilde esconde, na verdade, problemas bem mais complexos. Dona Aparecida, a avó, nem sempre foi a pessoa de saúde frágil e indefesa que hoje cobra um pouco de atenção da neta. Antes de se aposentar, ela tentou ganhar a vida traficando drogas. VEJA localizou nos arquivos da 1ª Vara de Entorpecentes e Contravenções Penais do Distrito Federal o processo que detalha o dia em que Maria Aparecida Firmo Ferreira, então com 55 anos, foi presa em flagrante. Em 1997, a avó da primeira-­dama era conhecida nas ruas como “Tia” e, segundo a polícia, sua principal atividade era vender drogas no centro de Brasília. Em julho daquele ano, ela foi surpreendida com 169 “cabecinhas de merla”, um subproduto da cocaína. No auto de prisão, ao qual VEJA teve acesso, os policiais contaram ter recebido uma denúncia anônima de tráfico numa região que fica a apenas 3 quilômetros do Palácio do Planalto. Ao chegarem ao local indicado, eles encontraram Aparecida. Dentro de uma sacola que ela carregava, além da “merla”, estavam dois relógios e dezesseis vales-transporte. Na delegacia, ela confessou o crime.

TRÁFICO – Maria Aparecida Firmo Ferreira, avó da primeira-dama: em julho de 1997, ela foi presa em flagrante vendendo drogas no centro de Brasília. Condenada a três anos de prisão, cumpriu pena em um presídio feminino

TRÁFICO – Maria Aparecida Firmo Ferreira, avó da primeira-dama: em julho de 1997, ela foi presa em flagrante vendendo drogas no centro de Brasília. Condenada a três anos de prisão, cumpriu pena em um presídio feminino (Cristiano Mariz/.)

No depoimento que prestou, a avó da primeira-dama contou que cada pacotinho da droga era vendido a 5 reais. Na Justiça, ela mudou a versão. Alegou que a sacola apreendida não era sua e que teria confessado o crime por pressão dos policiais. Havia, porém, testemunhos de clientes. Aparecida acabou condenada a três anos de reclusão, em regime fechado. A defesa ainda recorreu, sem sucesso. Uma das desembargadoras que votaram contra a libertação foi Sandra de Santis, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello. No processo, ao qual VEJA também teve acesso, a avó da primeira-dama, depois de condenada, escreveu uma carta ao juiz confessando o crime e pedindo clemência: “É certo que transgredi a lei, mas o preço altíssimo que pago por meu delito transformou-se completamente. Sou uma senhora de princípios renovados”, dizia.

Na penitenciária feminina do Gama, onde foi cumprir a pena, Maria Aparecida mostrou que os seus princípios não estavam tão renovados assim. Em maio de 1999, quando já estava presa havia um ano e oito meses, tentou subornar um agente, oferecendo-­lhe dinheiro para que a levasse até sua casa. O plano era o seguinte: ela fingiria que estava doente, a direção do presídio autorizaria sua ida a um hospital e, no caminho, a guarda desviaria a rota, permitindo que Maria Aparecida fizesse uma visita à família. Por causa dessa infração, ela ficou na solitária e teve os benefícios de progressão de pena suspensos — e só deixou a penitenciária, em liberdade condicional, em agosto de 1999, depois de cumprir dois anos e dois meses de cadeia. Sua punição foi oficialmente considerada extinta em 2000.

IDENTIDADE – Maria das Graças Firmo, a mãe de Michelle: a polícia descobriu que ela tinha dois registros civis — um deles, falso

IDENTIDADE – Maria das Graças Firmo, a mãe de Michelle: a polícia descobriu que ela tinha dois registros civis — um deles, falso (./.)

Na reportagem publicada em abril, Maria Aparecida contou ter ajudado a criar Michelle, reclamou da ausência da neta e lamentava não ter sido sequer convidada para a cerimônia de posse do presidente Bolsonaro — nem ela nem a filha, Maria das Graças, a mãe de Michelle. O passado, confidencia um familiar da primeira-dama, também deixou marcas na relação entre mãe e filha. Maria das Graças igualmente esteve na mira da Justiça. Em 1988, quando Michele tinha 6 anos, a polícia descobriu que sua mãe possuía dois registros civis — um verdadeiro e o outro falso. De acordo com o primeiro, o verdadeiro, Maria das Graças Firmo Ferreira nasceu no dia 11 de junho de 1959, tinha 1,60 metro e era filha de Ibraim Firmo Ferreira. No outro, o falso, não havia o nome do pai, o da mãe fora alterado (de Maria Aparecida Mendes para Maria Aparecida Firmo Ferreira), ela ficara nove anos mais nova (o ano de nascimento passou para 1968) e sua altura tinha aumentado em 13 centímetros (1,73 metro). Tratava-se, portanto, de outra pessoa.

A então Delegacia de Falsificações e Defraudações de Brasília instaurou inquérito policial para investigar Maria das Graças. Os agentes apuraram que a mãe da primeira-dama havia solicitado a segunda identidade oito anos depois de obter a primeira. Para isso, usou uma certidão de nascimento adulterada expedida no município de Planaltina de Goiás, distante 440 quilômetros do local onde ela realmente nasceu e foi registrada (Presidente Olegário, em Minas Gerais). A fraude foi constatada quando a polícia comparou as impressões digitais dos dois prontuários de identificação arquivados na Secretaria de Segurança e descobriu tratar-se da mesma pessoa. Intimada a depor, Maria das Graças contou que perdera a carteira de identidade e a certidão de nascimento. Ao fazer um novo registro civil, decidiu excluir o nome do pai, porque ele “abandonou a família”, e, “aconselhada por duas amigas”, também alterou a data do seu nascimento — mas nada disso tinha nenhuma “intenção criminosa”, segundo ela.

AMEAÇAS – Favela Sol Nascente: acusado de pertencer à milícia local, tio da primeira-dama continua preso preventivamente

AMEAÇAS – Favela Sol Nascente: acusado de pertencer à milícia local, tio da primeira-dama continua preso preventivamente (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

Maria das Graças usou a certidão de nascimento adulterada para emitir um novo CPF. Não há no inquérito informações sobre eventuais negócios ilícitos realizados por ela com os documentos falsos. Em 1989, o Ministério Público remeteu o inquérito para a Justiça. Maria das Graças foi indiciada por falsidade ideológica, que prevê pena de até cinco anos de prisão em regime fechado, porém, em 1994, depois de ficar mais de cinco anos parado na Vara Criminal, o processo foi arquivado. O juiz responsável pelo caso justificou a decisão argumentando que o crime estava prescrito. Procurada por VEJA, a mãe de Michelle apresentou uma nova versão para a história: “Isso aí foi um negócio que meu pai tinha arrumado para mim. Não quero mexer com isso, não quero falar sobre isso”. Ibraim Firmo, o pai, foi assassinado em 2015.

VEJA apurou com familiares da primeira-dama que o distanciamento entre ela, a mãe e a avó se deu justamente por causa desses problemas do passado. Um parente que pediu anonimato contou que, pouco depois de Jair Bolsonaro decidir concorrer à Presidência, Michelle procurou a mãe para que ela resolvesse pendências que ainda existiam sobre sua documentação. Ofereceu ajuda, mas Maria das Graças recusou, e as duas se afastaram. A mãe nega qualquer entrevero com a filha. “Eu não vou lá (no Palácio da Alvorada) porque não gosto de palácios e, para a Michelle vir aqui, é muita gente para vir junto e fica tudo muito difícil”, diz. “Estamos ótimas, é tudo mentira, fofoca.”

Rolos com a Justiça têm sido uma tradição familiar. João Batista Firmo Ferreira, sargento aposentado da Polícia Militar de Brasília, foi um dos poucos familiares de Michelle convidados para a cerimônia de posse do presidente Bolsonaro. É — ou era — o tio preferido da primeira-dama. Em maio passado, no entanto, ele foi preso, sob a acusação de fazer parte de uma milícia que age na Sol Nascente, onde mora com a mãe, Maria Aparecida, a avó de Michelle. De acordo com o Ministério Público, João Batista e mais sete PMs participariam de um esquema ilegal de venda de lotes na favela. Um delator contou que os policiais atuavam como o braço armado da quadrilha, dando suporte ao negócio irregular através de ameaças e até eliminação de desafetos. O sargento está preso na penitenciária da Papuda, em Brasília.

O processo que apura a ligação do ex-policial com a milícia da Sol Nascente tramita em segredo de Justiça. Os advogados do PM dizem que o envolvimento dele no caso é um grande mal-entendido. João Batista, de acordo com essa versão, teve a prisão decretada após uma improvável coincidência. Ele construiu uma casa e tentava vendê-la. Um policial amigo indicou um comprador. Esse amigo, porém, estava sendo monitorado pelo Ministério Público. As conversas entre os dois foram gravadas e, para os investigadores, elas comprovariam que João Batista e o colega estavam vendendo lotes irregulares e dividindo as comissões. Logo depois de fechado esse último negócio, inclusive, foi realizada uma transferência de dinheiro da conta de João Batista para a do policial. De acordo com os advogados, o depósito seria uma comissão pela corretagem. Essa versão, no entanto, não convenceu a Justiça.

No mês passado, a defesa de João Batista ingressou com um pedido de relaxamento da prisão preventiva, alegando que o sargento tem bons antecedentes e residência fixa. O juiz do caso, no entanto, ressaltou que a gravidade das condutas dos policiais apuradas pelos investigadores, entre elas participar de organização criminosa, justificava a manutenção da prisão — e negou o pedido. Pessoas próximas ao sargento contaram a VEJA que o fato de ser parente de Mi­chelle Bolsonaro não ajudou em nada a situação dele, muito pelo contrário. Na cadeia, detido há quase noventa dias numa área da penitenciária reservada a policiais, João Batista não recebeu a visita nem tipo algum de ajuda ou solidariedade de ninguém da família.

Procurada, a primeira-dama não quis se pronunciar sobre os familiares. No governo, Michelle vem desempenhando um bom papel, ocupando o cargo de presidente do conselho do Programa Nacional de Incentivo ao Voluntariado, órgão responsável por projetos na área social. Depois da publicação da reportagem da Folha sobre a avó, dona Maria Aparecida foi transferida para outro hospital e operada. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que não houve interferência alguma do Palácio do Planalto na mudança. Questionado sobre o caso e fiel ao seu estilo, o presidente Bolsonaro classificou o episódio todo como uma baixaria. De fato, é. Agora, entende-se a distância que a primeira-dama, tão ciosa de sua imagem e preocupada com causas sociais, impôs aos enrolados membros de sua família.

Publicado em VEJA de 21 de agosto de 2019, edição nº 2648

Banco Central anuncia primeira venda de dólares à vista desde a crise de 2009

Instituição irá vender diariamente até US$ 550 milhões a partir de 21 de agosto

VIA: FOLHA

 

O Banco Central anunciou nesta quarta-feira (14) que irá vender dólares à vista das suas reservas internacionais, algo que não acontecia desde 3 de fevereiro de 2009.

A autoridade monetária também irá oferecer ao mercado contratos de swap cambial, mas avaliou que esse instrumento não atenderia sozinho à demanda por moeda estrangeira gerada pela “conjuntura econômica atual”.

Nesta quarta, a moeda americana fechou o dia cotada a R$ 4,0410, alta de 1,78%, no maior patamar desde 23 de maio, período que havia sido turbulento para investimentos, após dados econômicos decepcionantes da China e da Alemanha espalharem uma nova onda de pessimismo pelos mercados financeiros.

Da próxima quarta-feira (21) até o dia 29, o BC fará uma série de operações com objetivo de rolar uma parcela dos contratos de swap que vencem em 1º de outubro (US$ 3,8445 bilhões), parte por meio dos mesmos contratos e parte por meio de dólar à vista.

O BC irá vender diariamente até US$ 550 milhões à vista e, simultaneamente, irá comprar o mesmo valor em dólares no mercado futuro, por meio de operação conhecida como swap reverso.

Se a demanda for inferior a esse valor, o BC complementar a operação com a oferta de contratos de swaps, operação que equivale à venda de dólares no mercado futuro.

As reservas do BC somam hoje US$ 388 bilhões. Como a venda de dólares está limitada a US$ 3,8445 bilhões, o valor ofertado não irá ultrapassar 1% das reservas.

“Considerando a conjuntura econômica atual, a redução na demanda de proteção cambial (hedge) pelos agentes econômicos por meio de swaps cambiais e o aumento da demanda de liquidez no mercado de câmbio à vista, o Banco Central do Brasil comunica que, para efeito de rolagem da sua carteira de swaps, implementará a oferta de leilões simultâneos de câmbio à vista e de swaps reversos”, diz a instituição em nota.

Segundo o BC, a atuação não altera sua política cambial, pautada no câmbio flutuante, sem prejuízo da atuação da autarquia em busca da manutenção do regular funcionamento do mercado.

“Trata-se de aperfeiçoamento no uso dos instrumentos à sua disposição para atuação no mercado de câmbio, como parte da Agenda BC#, tendo em conta as condições presentes neste momento no mercado.”

Em sua Agenda BC#, que reúne as prioridades da instituição, o BC já havia colocado entre as ações reavaliar e aperfeiçoar os instrumentos de atuação no mercado de câmbio e na gestão das reservas internacionais, visando o bom funcionamento do mercado.

O economista Juan Jensen, da consultoria 4E, afirma que o valor ofertado é baixo em relação ao estoque das reservas e que o BC age corretamente ao identificar demanda por recursos no mercado à vista.

“É uma mudança de postura em relação ao que vinha sendo feito, mas se há uma demanda por dólar à vista não vejo problema. O nível das reservas é mais que suficiente para as necessidades brasileiras. Nesse nível de venda, não dá para dizer que há uma mudança de gestão de política cambial”, diz o economista.

Jensen afirma que o custo de carregamento das reservas caiu muito nos últimos anos, por conta da redução das taxas de juros no Brasil, mas que o nível das reservas ainda é considerado além do necessário por alguns especialistas.

Bolsonaro Discursa Contra Corruptos, Abraçado com Cassado por Corrupção e Vira Piada

Figura controversa na política piauiense, Mão Santa foi cassado do cargo de governador em 2001 por abuso de poder econômico e responde a um processo por crime de peculato. O ex-senador tem histórico de empregar parentes e condenados em seus mandatos

(Foto: Foto: Divulgação)

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez um duro discurso contra a corrupção durante sua visita a Parnaíba, no interior do Piauí, nesta quarta-feira (14). O curioso é que o presidente fez o discurso acompanhado do prefeito da cidade, Mão Santa (sem partido), cassado do cargo de governador do Piauí por abuso de poder econômico e é conhecido por empregar famíliares por onde passa.

Em 2001, Mão Santa teve seu mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por sete votos a zero, respondendo a um processo por abuso de poder econômico.

Nove anos depois, em 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou denúncia contra o ex-governador por crime de peculato, quando um funcionário público usa a função para desviar recursos em benefício dele e de terceiros. O processo ainda tramita no Supremo.

Nepotismo

Em sete anos à frente do governo, nomeou familiares para cargos no primeiro escalão. A esposa, Adalgisa Moraes Souza, presidiu o Serviço Social do Estado e após sua saída do governo foi eleita sua primeira suplente no Senado Federal.

Seu filho, Francisco de Assis de Moraes Souza Júnior, e seus irmãos Paulo de Tarso de Morais de Sousa e Moraes Souza, também ocuparam cargos no governo: chefe da Casa Civil, secretário de Fazenda  e secretário de Indústria e Comércio, respectivamente.

Na Prefeitura de Parnaíba, a família de Mão Santa também tem cargos no primeiro escalão: Adalgisa é secretária municipal de Desenvolvimento Social, e sua filha, Maria das Graças, é secretária de Habitação e secretária interina de Urbanismo.

Assessores presos, presos assessores

O Superintendente de Ações em Saúde e Acompanhamentos de Projetos da Prefeitura de Parnaíba, Breno Leandro Rodrigues dos Santos, , preso desde julho por furto qualificado a mais de cinco anos de prisão, continua recebendo salários do poder público.

Em julho, ele recebeu R$ 5 mil salário e ainda 1/3 de férias proporcionais, somando R$ 6.666,66.

Outro assessor, Claudio Veras, ocupou o cargo de Assessor da Central de Licitações e Contratos da Prefeitura de Parnaíba, mesmo com uma condenação por tráfico de drogas.

Leandro Rodrigues de Souza, que ocupou o cargo de Diretor de Gestão Patrimonial e Operacional da Secretaria Municipal de Saúde também foi nomeado mesmo após ser condenado por tráfico.

O genro de Mão Santa, Luiz Nunes Neto, foi preso em maio na Operação Nullius, que investiga acusados de crimes de grilagens de terras no Piauí. Ele é casado com Cassanda Moraes Souza, filha do prefeito e delegada na cidade.

Livro sobre Bolsonaro com mais de 180 páginas em branco viraliza

Um livro lançado em março deste ano ganhou repercussão nas redes sociais durante esta quarta-feira (14), após uma publicação feita no Facebook contando sobre uma “pegadinha” existente na obra que fala sobre motivos para se confiar no presidente Jair Bolsonaro (PSL).

O livro “Por que Bolsonaro merece respeito, confiança e dignidade?” era disponibilizado no site da Amazon por R$ 39,64. Em menos de duas horas, as seis avaliações na plataforma se multiplicaram e comentários a respeito dele se espalharam pela internet. Ficou curioso? Vem entender!

Toda a questão gira em torno do número de páginas escritas no exemplar.
Assim que compraram o produto, clientes relataram ter encontrado apenas duas páginas escritas e o restante, 188 ao todo, em branco.

Após uma série de críticas negativas, o livro foi retirado do site. Contudo, em entrevista ao BHAZ, o autor dele, o gaúcho Willyam Thums diz ter levado um susto ao ver a repercussão a respeito da obra. Ele garante que o livro não estava disponível para a venda desde março.

“Pra mim foi muito interessante, porque realmente esse livro ta indisponível há muito tempo e só agora eu estou recebendo comentários de revisão na Amazon, o que indica que não foram leitores que leram esse livro já que eu não tenho informação de que alguém tenha comprado esse livro”, contou.

A descrição que segue o livro na plataforma diz que a obra responde à pergunta que não quer calar no Brasil. “Em meio ao turbulento momento em que vive nosso país, somente este livro pode te dar a resposta mais sincera sobre o Presidente Jair Bolsonaro. ATENÇÃO: [Livro Sátira] Este livro possui apenas 2 páginas escritas e 188 páginas em branco”.

Willyam ainda afirma que foi o livro tinha como objetivo ser uma sátira, um material que permitisse que as próprias pessoas criassem respostas sobre a pergunta, já que as páginas viriam em branco.

Procurada, a Amazon respondeu que não vai comentar o caso, mas ressaltou que a política do site permite ao usuário devolver o produto e solicitar o reembolso em até 30 dias após a compra, desde que este não tenha sido danificado.

Via: BHAZ