VIA: Hora do Povo
Em entrevista ao programa “Roda Viva”, da TV Cultura, na segunda-feira (27), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, colocou em xeque o atendimento gratuito do SUS (Sistema Único de Saúde).
“É justo ou equânime uma pessoa que recebe 100 salários mínimos ter o atendimento 100% gratuito no SUS? Quem vai ter 100% de atendimento gratuito no SUS? Eu acho que essa discussão é extremamente importante para esse Congresso. Eu vou provocá-la, vou mandar a mensagem, sim, para a gente discutir equidade e nesse ponto a gente vai pôr o dedo”.
A declaração do ministro chega às raias do cinismo. Como se, só porque a universalidade é uma das diretrizes do SUS, alguém que ganhe 100 salários mínimos no Brasil utilize ou vá utilizar o serviço público de saúde na sua atual realidade.
O que ele pretende com essa conversa de “equidade” é acabar com o princípio de gratuidade contido no SUS. Primeiro cobra dos ricos, depois de quem ganha até tantos salários, até chegar ao ponto em que o pobre vai ter que provar que é pobre para ter direito à assistência médica básica, a uma consulta, um exame, uma cirurgia.
Segundo o médico e mestre em Saúde Pública, Thiago Henrique Silva, “desde a Constituição de 1988, nenhum ministro ousou questionar a gratuidade do sistema”.
Na verdade, a fala e as intenções do ministro segue a cartilha do governo Bolsonaro e seu ministro da Economia Paulo Guedes, de acabar com qualquer direito da população, principalmente dos mais pobres, precarizando os serviços públicos, acabando com a aposentadoria, cortando verbas da educação, defendendo cobranças de mensalidades em universidades públicas e acabando com direitos trabalhistas, entre outras atrocidades contra o povo.