VIA: ESTADÃO
A informação de que esse grupo de trabalhadores será dispensado até o fim do mês provocou revolta no prefeito da cidade
A Ford começará nos próximos dias a dispensar os 750 funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que trabalhavam na linha de produção do Fiesta, que deixou de ser produzido em meados de junho. A produção de caminhões será mantida até novembro, quando a empresa espera já ter concluído as negociações com o grupo brasileiro Caoa, que demonstrou interesse na fábrica mas ainda não confirmou a compra. Atualmente, a empresa tem 2,8 mil funcionários diretos, incluindo administrativos.
A informação de que esse grupo de trabalhadores será dispensado até o fim do mês provocou revolta no prefeito da cidade, Orlando Morando (PSDB), que promete ir à Justiça na segunda-feira para exigir que a direção da Ford apresente um plano de desmobilização.
O grupo anunciou em fevereiro que fecharia a fábrica, após decisão da matriz nos Estados Unidos que não viu oportunidades de lucratividade na operação e decidiu abandonar o negócio de caminhões no País. A produção de automóveis será concentrada na fábrica de Camaçari (BA).
Impacto na cidade
Segundo Morando, desde o anúncio a Prefeitura aguarda o plano de desmobilização, com dados como número de trabalhadores que moram no município, quantos têm filhos em escolas privadas e que deverão migrar para escolas públicas e quantos têm planos de saúde e passarão a usar o serviço pública.
“O município desconhece a condição destes trabalhadores, se os filhos deles vão migrar para escolas públicas, se haverá impacto na saúde pública uma vez que eles vão perder seus convênios médicos particulares, além de impactos no transporte coletivo”, diz Morando. A ação, segundo ele, será proposta pela Procuradoria Geral do município.
O prefeito alega ainda que existem negociações com um provável comprador da fábrica e que a empresa poderia aguardar a conclusão. Procurada na noite desta sexta-feira, 12, a Ford não se pronunciou. Nenhum representante do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC foi localizado para comentar o tema.
O Grupo Caoa, dono de revendas Ford e fabricante de veículos da Hyundai e da Chery, informa que ainda não há novidades nas negociações.
Acordo
No fim de abril, trabalhadores da Ford aprovaram, em assembleia, acordo feito entre o sindicato e a empresa que prevê indenizações de 1,5 a dois salários extras por ano trabalhado como compensação pelo fechamento da fábrica, além de todos os direitos previstos na lei trabalhista.
Na época, foi divulgado que a indenização dependerá da adesão do trabalhador ao que a empresa chama de Plano de Demissão Incentivada (PDI). Ocorrendo a venda e o funcionário optar por continuar na empresa, caso seja selecionado pelo novo dono, a compensação será de 1,5 salário por ano trabalhado para horistas e de 0,75 para mensalistas. Se a venda não se concretizar todos receberão o valor maior. Os 750 funcionários da linha do Fiesta estão ociosos desde o fim da produção, em 13 de junho, mas seguem recebendo salários integrais. Já os que operam na linha de caminhões seguem trabalhando dois a três dias por semana.