MODELO LIBERAL: Argentina cai 2,5% e Lidera Frustração da AL em 2018

Via: VALOR ECONÔMICO 

A Argentina liderou a lista de frustrações das expectativas de recuperação econômica da América Latina no ano passado.

A economia argentina contraiu 2,5% no ano passado, em meio à pior crise econômica desde 2001. Dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos mostram contração do PIB de 1,2% no quarto trimestre em relação ao terceiro e queda de 6,2% sobre o último trimestre de 2017.

No começo de 2018, a expectativa era de retomada das economias da região. Mas as duas maiores economias latino-americanas, Brasil e México, cresceram menos que o previsto, enquanto a Argentina contraiu, adiando a esperada recuperação para 2019.

“De modo geral, tivemos um desempenho bastante medíocre. Uma expansão média abaixo de 2%, com recessões profundas na Argentina e na Venezuela, desaceleração do México e crescimento pífio do Brasil”, afirma Alberto Ramos, do banco Goldman Sachs. Ele observou que algumas economias andinas foram das poucas a crescer acima de 2%, “o que não deixa de ser desapontador”.

Além da Argentina, o México cresceu 2%, abaixo dos 2,2% esperados. O Brasil, por sua vez, expandiu 1,1%, menos que a estimativa de crescimento de 1,4%.

“Ao longo do ano, choques interromperam uma recuperação cíclica, que acabou sendo adiada para 2019”, afirma Marcos Casarin, da Oxford Economics.

A Argentina, lembra, foi atingida pela maior seca em 50 anos e pela corrida cambial que levou o país ao Fundo Monetário Internacional (FMI). O Fundo acertou empréstimo de US$ 57,1 bilhões, sob um acordo “stand-by”, que exige reformas no curto prazo.

“No Brasil, por sua vez, houve a greve dos caminhoneiros que se somou à incerteza eleitoral. Isso levou empresas que estavam precisando contratar e investir para expandir a capacidade produtiva a adiar os planos”, argumenta.

O México vivenciou situação semelhante no ano passado, segundo Casarin. Incertezas em relação à renegociação do acordo comercial com os EUA e o Canadá e às eleições também levaram a uma “paralisia do investimento privado”, já que as empresas não queriam se comprometer.

Chile e Peru foram os destaques da região com um crescimento de 4% cada em 2018. A vitória de Sebastián Piñera, de direita, em 2017, destravou a demanda reprimida de consumo e investimentos, diz Casarin. No Peru, investimentos públicos começaram a fluir após a queda do ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski, que não tinha apoio do Congresso.

No caso da Colômbia, a alta do preço do petróleo ajudou o país a crescer 2,7%, mesmo em um ano eleitoral, em que o candidato esquerdista, Gustavo Petro, aparecia bem posicionado nas pesquisas de intenção de voto.

Para 2019, diz Ramos, pode-se esperar “um pouco mais do mesmo” para a região. “Esperamos leve aceleração do crescimento do Brasil, queda menos acentuada da Argentina e pequena desaceleração do México”, diz. “O mercado está entusiasmado com a direção da política macroeconômica do governo brasileiro, apesar do capital político questionável que tem no Congresso. No caso do México, há preocupação com políticas heterodoxas do governo, que tem amplo apoio no Legislativo.”

Entre os países que ainda não divulgaram os dados de crescimento do PIB em 2018 estão Equador, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Venezuela – que não publica dados oficiais desde 2015.

Estima-se que o Equador tenha crescido 1% em 2018, em parte pelo aperto fiscal do governo, que cortou investimento público em mais de 29% no último ano. O país reduziu o déficit orçamentário de 4,5% do PIB para 3%, mas mesmo assim teve de recorrer ao FMI neste início do ano para cobrir suas necessidades de financiamento. Acordou com Fundo um Programa de Financiamento Ampliado US$ 4,2 bilhões, a serem desembolsados em três anos.

Os detalhes do programa do Equador ainda não foram divulgados, mas prevê-se mais ajuste, com meta de superávit primário de 1% em 2020. “Esperamos que o crescimento diminua drasticamente este ano com a rigidez da política fiscal”, diz Quinn Marwith, da consultoria Capital Economics.

A Bolívia, que cresceu 4,2% em 2017, deve registrar crescimento 4,4% em 2018, puxado por uma demanda doméstica forte, assim como fortes gastos do governo. O país, no entanto, tem como desafio reduzir os déficits orçamentário (7,5%) e de conta corrente (5,3%) altos. No ano passado, situação semelhante de déficits gêmeos elevados levou a Argentina à crise.

O Paraguai deve registrar expansão de 4%, depois de ter crescido 5,2% em 2017. O ritmo é explicado por alto nível de investimento e consumo. O Uruguai, por sua vez, pode ter desacelerado de 2,7% para 1,9% em 2018. Parte dessa queda é explica pela seca, que prejudicou a produção agrícola.

Na Venezuela, aprofundou-se a deterioração econômica no ano passado. Estima-se que a economia tenha encolhido 15%.

Com sanções dos EUA ao petróleo venezuelano e sem mudança de governo, o PIB da Venezuela deve encolher mais 39% neste ano, estima a Oxford Economics.

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